Para ler ao som de “Bem
te vi” (Paulinho Pedra Azul)
Fernanda deu um “pause” na vida,
naquela manhã de inverno se deu ao prazer de “desaparecer” por algumas
horas. Normalmente iria para o trabalho,
como faz todos os dias. Não naquele.
Entrou no trem, mas mudou o
destino e pensou: Somente por duas horas...
Ao chegar ao seu destino, bateu naquela
porta já tão conhecida... Fazia tanto tempo que quase nem se lembrava mais. Da
porta, do cheiro, do gosto, das cores.
Foi recebida por um sorriso e um
olhar de acalento, mas foi acalentada por um abraço de paixão. Em poucos
minutos botões abertos, respiração ofegante e sem nenhuma palavra a saudade
mostrava-se.
Mistura de carinho e fúria, uma
razão animal, empurra, acaricia, morde e beija... Leva aos céus.
Têm sentimentos que mesmo com o
passar de muito tempo, vêm à flor da pele, no primeiro toque. E disso Fernanda
ainda não tinha esquecido.
Essas segundas feiras raramente
se repetem na vida de alguém. Este trem quase nunca faz esse trajeto.
Duas horas estenderam-se por mais
alguns minutos, mais um sorriso, mais um olhar, daqueles que não se esquece.
Uma xícara de café, uma música
para lembrar.
De volta à realidade, um sorriso abafado nos
lábios. Uma felicidade passageira, tão passageira como quem perde um brinco de
pérola dentre lençóis e torce para que encontrem e guardem em algum lugar que
faça lembrar... Do cheiro do café ou da melodia da música, do trajeto do trem. Como quem espera que agosto chegue logo.
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