julho 01, 2013

Eu nunca vou soltar a sua mão...

Sonhei com uma escadaria, notava a presença de muitos olhares voltados pra mim, eu, sentada no banco de um carro, acompanhada de alguém que notoriamente se orgulhava muito de estar ali naquele momento. Segurava um Buquê de Flores, claras, singelas... Vestia um vestido branco tão lindo, tão simples, tão puro como a minha inocência naquele momento, sapatilhas nos pés foram as únicas exigências que eu me lembrava de ter feito.
Eu lembro bem, já conhecia o amor, o carregava em meu ventre e por alguns momentos já havia visualizado suas formas e escutado as batidas do seu coração.
Desci do carro, meus pais me olharam extasiados, quase todas as pessoas que eu amava estavam ali, mas a escadaria era só minha naquele momento, minto. Minha e de mais três  anjos também vestidos de branco. Lindas... Cada uma com seu objetivo, mas nenhuma mais ou menos importante que a outra.
Passo a passo eu descia as escadas, alguém tratou logo de fechar a porta, como se faz tradicionalmente nos casamentos. Eu sabia de muitas coisas naquele momento, mas ao mesmo tempo eu não sabia de nada. Todos aqueles que eu carinhosamente convidei para abençoarem a minha decisão já tinham entrado, escolhi eu mesma a música que os emocionaria.
Antes que fechasse a porta eu pude fitar lá no altar um alguém ansioso, mas certo daquilo que estava fazendo.
Então, eu não me lembro de mais muita coisa, passo a passo, conduzida por meus pais, precedida por um dos anjinhos lindos de vestido branco, ao som da música “Eu sei que vou te amar” tudo o que eu conseguia ver era aquele sorriso lindo à minha espera no altar. Eu sempre amei aquele sorriso.
Como ele estava lindo, caminhou até mim, fez menção de agradecer e cumprimentou meu pai, que me entregou a mão a ele como quem solta um pássaro e diz “voa”.
A partir dali eu não voaria nunca mais sozinha, seus olhos me juravam a cada instante.  Eu me lembro  muito bem da cerimônia e dos conselhos que o padre nos deu, esqueci de mencionar que eu tinha 16 anos, um rostinho angelical. Idade e aparência que aparentava causar mais pena que felicidade naqueles que à dedo eu escolhi para partilharem o momento que eu jurei ser único na minha vida. Prometi muitas outras coisas também, algumas que a imaturidade, o tempo, as circunstâncias e a falta de experiência não me favoreceram a cumprir. Sinto muito.
Muito nervosa a voz mal saía, a aliança eu coloquei na mão errada e a voz embargada me impedia de gritar aos ventos que SIM! Eu aceitava, de livre e espontânea vontade, apesar de todos acharem loucura. Imaginem só! 16 anos, grávida de 3 meses... Foi um falatório que eu adorei! Já gostava de causar polêmica.
Não posso deixar de mencionar a minha irmã, com seus lindos cachos feitos em casa e as flores... Chorou o percurso todo até o altar, acho que era de alegria em ficar com o quarto só pra ela.
Mas eu me lembro de alguns rostos, do meu sogro, por exemplo, que sempre parecia me olhar com um ar de reprovação, da minha sogra, casando o segundo filho, esperando o primeiro neto, dos meus pais, quase que arrependidos e querendo me levar de volta pra casa onde até horas antes estava a minha escova de dente no banheiro, minha mãe chorou quando não a viu mais lá. Meu pai “Durão” estava lindo, mesmo com o terno abotoado do lado avesso, os padrinhos todos cheios de pompa, lembro-me do sorriso no rosto de cada um deles ao vir me cumprimentar.
Era maio, já estava muito frio, aquele ano fez um frio atípico, parece que o vento anunciava que a partir dali a vida não seria fácil. Aliás, chegar até ali já não tinha sido, como esquecer das minhas cunhadas que enfeitaram a igreja, já que não poderíamos gastar com floricultura?  
Eu não me lembro mais a música que nos conduziu do altar á uma vida nova, á uma vida nossa, os cumprimentos, as fotografias, pagas à muito custo. Na época, tradicionalmente os convidados iam até a casa dos noivos para ver os presentes... Pra nossa sorte, era na rua de trás da igreja em que nos casamos.
Um jantar simples, compartilhado com os amigos mais queridos e com a família, eu não via a hora de me ver livre daquele vestido!
Levaram-nos pra casa e ali eu tive um medo tão grande de não saber como e o que fazer pra dar certo. E como eu errei! Acertei também.  Os meses passaram, nosso bebê nasceu, as dificuldades iam e vinham e nós já estávamos mesmo acostumados. Mais três anos e tivemos a nossa princesa, nada menos dificultoso, mas éramos uma família feliz, podia ver meu filho brincar na areia, o vi dar os primeiros passos aos 8 meses, aprendeu a andar de bicicleta sozinho,  Maria era o xodó da casa, ainda é!
Alguns passos em falso, algumas atitudes erradas sei que de lá até aqui 12 anos se passaram, e eu posso dizer com toda a certeza do mundo hoje, SIM! Eu aceito!
Não sou muito de escrever sobre as pessoas que amo, tenho medo de frustrá-las, pessoas sempre criam expectativas e eu sou mestre em quebrá-las, mesmo que sem querer. Enfim, não posso deixar de falar sobre ele, aquele que me esperou no altar, segurou a minha mão, me sorriu para me dar a segurança de que eu não estava sozinha e nunca mais soltou. Mesmo nos momentos mais difíceis, mesmo quando eu não mereci, mesmo quando eu quis voar sozinha.
Esse homem com jeitinho de menino me amou cada dia desses 12 anos, me cuidou mesmo quando eu fiz besteira, ele nunca, nunca soltou a minha mão.
Dizem que algumas coisas são predestinadas, não sei... Só sei que em alguns casos duas pessoas se completam, se fundem, se tornam tão iguais que em certos momentos não se sabe mais onde começa um e termina outro, se tornam 3, 4 quem sabe 5... Criam laços, ganham amigos pra vida toda, ou só amigos pra lembrar na vida... E quando sentam no sofá da sala para relembrar o que já passou ainda conseguem rir de tudo.
Repito, a nossa vida não foi fácil, mas ele nunca, em momento algum deixou de me apoiar e se hoje eu sou uma pessoa um pouco melhor é porque eu o encontrei em meu caminho, ou ele me encontrou, vai saber.
E há quem diga que amor de carnaval só dura 4 noites... Naquele carnaval eu encontrei o homem da minha vida, aquele que passou por todas as dificuldades e tormentas comigo, sem nunca me julgar, culpar ou abandonar, depois daquele 11 de março nós nunca mais nos largamos, mas nada foi um conto de fadas, aprender a viver com alguém é muito difícil, exige que muitas vezes nos anulemos em virtude do outro, mas como  vibramos com uma vitória dele, uma vitória que também é nossa, sempre.
Era pra ser um sonho meu, sentada no carro olhando as escadas, mas é um sonho nosso, as subimos juntos e degrau por degrau chegamos aqui, ainda juntos.
Eu quero meu amor, te poder jurar tudo de novo, não lembro a ordem, nem as palavras, eu mal consegui repeti-las.
Mas hoje, depois de tudo. Eu juro te amar até o fim.

E pra quem pensa que amor não basta, eu digo que sim! 

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