fevereiro 09, 2011

Sobre as angústias da alma(...)



Uma noite vazia como nenhuma outra, às vezes esse vazio toma conta, mas não me lembro de te-lo sentido tão presente nos últimos dois meses. Fim de férias, vésperas de mais um aniversário, sempre fico depressiva às vésperas de completar mais um ano. Quase 30... Tenho pensado muito nisso nesses últimos dias. Certamente não é esse o motivo da angústia, apesar de eu querer que fosse.
O que eu chamo de bloqueio criativo (e claro, não é uma expressão criada por mim), nada mais é do que um não querer escrever sobre as mesmas coisas, repetir as mesmas palavras e frases, deixar implícita a insegurança que habita em mim. E assim uso palavras alheias para dizer o já dito tantas vezes.
Através do vidro embaçado da minha janela vejo a solidão da rua, chove, é madrugada de uma terça-feira.  A sensação que tenho é que não importa quantos invernos eu atravesse, não importa quantos e-mails eu deixe de escrever, nem mesmo quantas vezes eu mude o numero do telefone, suma do mapa, evite confrontos, mude a meu play list para rock and roll... Parece-me tudo em vão, todo e qualquer esforço para tirar da cabeça o que está impregnado na alma.
Juro, tenho tentando trabalhar, tenho ocupado o tempo com planos, eu tenho até sonhado ultimamente, coisa que há algum tempo evitava fazer. Sabe como sou, não gosto de destruir meus castelos, apesar de ter uma facilidade imensa em criá-los, mas tenho sentido o vazio das tardes do mês de agosto. Já te falei que não gosto do mês de agosto? Chove demais, venta demais, não é inverno nem verão e inicio de primavera é tão melancólico, até gosto das flores, mas confesso que esperar por elas é angustiante.
Sabe quando você fica muitos anos sem falar com alguém muito especial? E as vezes por mais especial que a pessoa seja, os dias passam e você não encontra tempo para uma ligação de 10 minutos? Aí quando você cria coragem e liga parece que os assuntos já não são mais importantes, os planos não são mais comuns, os amigos, as novidades, não são mais interessantes para ambos e o telefonema que durava horas não passa muito de um: oi quanto tempo... como vai?, até logo.
Sinto-me assim, escrevendo para alguém que não tem mais nada em comum comigo, partilhamos de algumas boas lembranças, o que não garante que sejam as mesmas. E só.
Mas quando chove eu ainda vejo o seu rosto, entre os pingos e o céu nublado. É triste eu sei, mas as melhores lembranças que tenho são de dias assim com céu carregado, com chuva fina.
Desfiz-me das lembranças todas, apaguei as musicas, as cartas, os vínculos... Acabei com quase tudo de material que havia, exceto aquela foto sua. Um sorriso que eu só vi naquele agosto, um brilho nos olhos de quem tem esperança de dias melhores ...
“E o que vai ficar na fotografia, são os laços invisíveis que havia”... (Leoni)
Desculpe a pretensão mas a sensação que tenho é que o melhor de você apenas eu vi, como aquele sorriso, naquela fotografia.
Espero que o sol apareça amanhã e que não toque aquela musica no rádio, assim não tenho desculpas para lembrar do teu riso.
E a minha alma chorará baixinho, inconformada com a tua ausência...


Nunca vou te  esquecer
Para sempre e todo o sempre
Eu sempre vou amar você.

Um comentário:

  1. De todos os textos que vc ja postou, com certeza este foi o que eu mais gostei. Sempre lindos, mas este é especial, tem um algo a mais, merece ir para o livro.@@

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