agosto 20, 2010

Big Bang e pah!

Desde que entrei na faculdade estou sendo bombardeada com informações, teorias e visões que antes eu nem imaginava que existissem. Faz pouco mais de um ano e meio, alguns meses e muita coisa está diferente, claro que eu ainda sou a mesma pessoa mas quando eu olho ao redor muita coisa mudou, meus hábitos e os horários, as pessoas que estão por perto, os grupos que eu frequento e tudo o que me satisfazia antes hoje não passa nem perto disso.
Antes, enquanto debruçada na janela meus planos eram ter paz, uma casinha que tivesse a minha cara, um quintal grande o suficiente para que as crianças fizessem barulho e andassem de bicicleta lá fora ao invéz de ao redor da mesa da cozinha; eu tinha horário para almoçar, tinha tempo para ver televisão e não achava as novelas banais, eu nem me importava com o que estava passando no jornal, geralmente ouvia musica enquanto ele passava, eu lia um pouco, mas nunca sobre qualquer assunto, geralmente eram os mesmos livros que chamavam a minha atenção sempre. Ha 5 anos atrás eu sabia o nome de todos os vizinhos da quadra e nao os cumprimentava apenas por educação, eu tinha tempo para sentar na calçada da rua aos domingos ou trocar pratinhos de bolo com a vizinhança; eu colocava meus filhos na cama todos os dias, dava banho, escovava os dentinhos deles e via a minha mãe todos os dias.
Hoje, pra começar, eu não me debruço mais sobre a janela, infelizmente eu não tenho tempo. meus planos são tantos que borbulham em minha cabeça o tempo todo e quando estou em casa tudo o que eu quero é um minuto para descansar, os meus dias passam tão depressa que eu nem me lembro da televisão, novelas então! estão fora do meu universo faz muito tempo e mesmo nas férias, quando me sobra tempo para vê-las, eu as acho previsíveis demais para perder meu tempo; sempre coloco uma música quando estou no trabalho ou estudando, o silêncio não me deixa me concentrar, mas geralmente não a ouço.
Eu leio tanto que as vezes não consigo me lembrar o que foi que li ontem, a faculdade me fez me deparar com mil gêneros diferentes. Não sei quem são os meus vizinhos, vejo a minha mãe a cada 15 dias (quando vejo), falo com ela pelo msn quase todos os dias e ligo pra ela umas 3 vezes por semana de dentro do ônibus na volta da faculdade, acho que esse tempo que perco no percurso casa- faculdade e faculdade- casa são os 80 minutos mais mal aproveitados da minha semana, eu os gastaria lendo se os passageiros não fossem uns completos imbecis fúteis que não calam a boca um segundo e acham que estão fazendo bonito (claro que há excessões).
Meu conceito de casa hoje é muito diferente, quero que ela seja o suficiente perto do trabalho, que seja o suficiente pequena para eu limpa-la em 30 minutos, que tenha varal dentro da lavanderia e que seja o suficiente grande para que as crianças possam correr em volta da mesa, afinal nem paramos em casa para que possam aproveitar o quintal enorme, principalmente na hora de limpar e cortar a grama.
Eu não tenho mais como colocar meus filhos na cama todos os dias, geralmente quando eu chego já estão deitados, não me sinto mal por isso, mesmo já deitados e mesmo sendo tão tarde eles estão todos os dias esperando por meu beijo de boa noite, eles tem que tomar banho sozinhos, escovar os dentes e pra minha sorte são totalmente independentes dos pais o que me deixa de certo ponto orgulhosa, não quero ter que separar a roupa que vão vestir e decidir tudo por eles. Não me sinto menos mãe por isso, não me sinto mal, não tenho nenhum tipo de remorso porque eu sei que tudo o que eu faço é mais por eles que por mim, espero que com todo esse meu esforço, com toda essa minha correria, eu possa dizer a eles menos "nãos" no futuro.
Não preciso nem dizer que não me sento mais na calçada por falta de tempo, não caminho mais pela rua nas tardes de domingo e que não sei quem são os meus vizinhos, os cumprimento por educação quando por acaso os encontro entre uma saida e uma chegada, e bolo... rsrsrs quando quero preciso ir ao mercado, já que o tempo para fazer é curto e não tenho mais as vizinhas que sempre me traziam um tipo diferente ( e disso eu sinto falta), não dos bolos feitos mas da cumplicidade, da amizade e de saber que sempre que eu precisasse era só sair na porta e chamar por cima do muro, quantas vezes durante a madrugada, uma apareceu oferecendo ajuda com o bebê que não parava de chorar.
Mas dentre os prós e contras que a vida acadêmica me trouxe, o que mais me incomoda é ter passado a ser analista demais, pricipalmente no que diz respeito a minha fé. Hoje eu me questiono sobre a possibilidade da existencia de um Deus que claro, para as teorias que me foram apresentadas não fazem sentido, mas será que faz mais sentido termos vindos do macaco ? ou de uma grande explosão ? insensato por insensato eu ainda prefiro sim, acreditar em um ser superior que "controla" toda a humanidade, pra mim ainda faz mais sentido. Por um momento eu tive dúvidas, por algum tempo eu acreditei na lógica das teorias cientificas, é claro que eu não acredito em um Deus como o que me foi apresentado, um Deus que traz consigo um livro de "boas maneiras" e 10 regras de boa convivência, criadas em um momento onde era propício, provávelmente em um contexto onde alguém não conseguia colocar ordem na macacada.
Eu acredito em um Deus que eu sinto presente, eu luto todos os dias para ter fé; não me importa onde é que ele está, não me importa céu ou inferno, sabe o que me importa ? é saber que enquanto eu acreditar eu sempre serei uma pessoa melhor, eu sempre farei o melhor para o meu próximo, não preciso andar com a biblia embaixo do braço e dizer meu Deus meu Deus... E quer saber o que não faz mesmo sentido ? é termos vindo pra esse mundo, vivermos pouco mais de 80 anos e "pah" morremos e só... Tem que haver algo a mais, deve haver um propósito.
Ontem, antes de adormecer eu levei um papo com Deus, se eu o sinto ele existe e ponto! nessa conversa contei pra ele a minha frustração em questionar tanto a minha própria fé (claro que eu sei que ele já conhece as minhas angústias), não me lembro onde parei nessa "conversa", eu diria mais um monólogo, pois adormeci antes que me desse conta. Quer saber, ninguém precisa me provar que Deus existe, porque eu o sinto! eu te desafio a me convencer de que ele não existe e explicar com a lógica de todas as teorias a existência das coisas concretas, aquelas que você vê e toca... Só não me diga para acreditar que eu sou uma evolução de uma macaquinha qualquer, aliás nunca soube de onde vieram os primeiros macacos...

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