maio 07, 2011

Respostas, você as tem ?


Dizer mais o que?
Ainda há algo que não tenha sido dito durante todo esse tempo? Talvez não fosse hora ainda de mexer nas feridas aparentemente cicatrizadas, pensava enquanto viajava ao som das músicas que traziam tantas lembranças.
A mulher que agora abria e fechava aquela carta num gesto de quem não acreditava em tudo que acabara de ler, não era mais a mesma, no entanto, alguns sentimentos ainda eram e isso ela também não podia negar, como as verdades inegáveis que a carta tanto falava.
As máscaras! Por tanto tempo convivi com elas. Pensava...
Tantas vezes deixou aparentar um contentamento, tantas vezes chorou de madrugada, sentindo-se a pior das criaturas quando desejava que tudo pudesse ser diferente. Quantas vezes acreditou em tudo lhe foi prometido e  contentava-se com as cartas assinadas por codinomes, com migalhas de tempo e de amor. Anos de dedicação pra ter em troca as migalhas, anos de sofrimento pra nunca ter recebido uma única carta assinada pelo real nome do remetente! E hoje, outra carta assinada por outro codinome!  Mais um? Amor mascarado... Máscaras, Máscaras... Não as quer mais!
Também não poderia negar que amou, que ama, que sente falta dia- pós-dia, que perde o chão ao ve-lo e tudo renasce com uma força inexplicável. Como negar que nunca olhou pra alguém como olhou para ele um dia? Como negar que tão pouco lhe significou tanto? 
Mas amor anônimo? Amor de passado? Amor de temporada? Não dá meu caro! Não dá! Ela quer um amor por inteiro, por completo.
Ela quer um amor que faça planos com ela, somente com ela. Um amor que lhe traga a segurança que precisa, a atenção que merece.
 Consegue imaginar tudo o que eu senti? Sabe tudo o que tenho sofrido?
Agora chorava...
 Por todo esse tempo calou-se para não magoar. Mas nela a mágoa ainda é ferida aberta, o amor também. Estranho sentir o amor como ferida não é? Pois então...
Nada mais é igual. Amor magoado se transforma em algo que só machuca, só dói.
Difícil conviver com as lembranças todas, com os nomes iguais, com os perfumes impregnados na pele, difícil ouvir as mesmas músicas, esquecer as datas e todos os dias 15, foi difícil excluir os endereços eletrônicos, mudar o número dos telefones, mas quer saber o que foi mesmo difícil? Ouvir as histórias e os planos do casal feliz.
Mas ela não era tão orgulhosa, continuou escrevendo os sentimentos todos, era sua fuga. Como sempre, deu o primeiro passo.
Perdeu as contas de quantas centenas de vezes pegou o telefone pra ligar, como gostaria de ter esquecido o número do telefone dele, mas não.
Mas aí, num sábado do mês de maio ele perde o orgulho e ousa perguntar-lhe:
-Posso te ligar?
A pergunta era simples, a resposta não.
A dúvida que se seguiu mostra que nada é mais o mesmo. Os sentimentos, o palpitar do coração, o brilho dos olhos, os números de telefone. E no fundo era melhor que fosse mesmo assim. Aprendeu que quem cala, cala! Somente.
 Outrora, o sim seria imediato.
Mas ela também tinha uma pergunta a lhe fazer: Não pode negar que a tenha amado, mas sabe responder se ainda a ama?
Doeu demais em mim o seu adeus, doeu demais o seu partir...
Mas já doeu uma vez!
“Nada em mim foi covarde, nem mesmo as desistências: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem.” (Caio F. Abreu)


Um comentário:

  1. Perfeito, tudo já foi dito, o que poderia ser feito também... nada há mais nada. Adeus!!!
    kkkkkkkkkkkkkkkk

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