fevereiro 01, 2014

Noite adentro, sonhos. Mais nada!


Gostaria de estar dentro de um sonho e nesse sonho dentro de um filme, onde eu pudesse acordar com a frase: "alguns meses depois".
Não foi um sonho.
Abri lentamente os olhos, com medo da luz do dia, e era dia... Mas as cortinas estavam fechadas.
Assim como as cortinas, havia me fechado para o mundo. Na noite anterior engoli o choro, solucei e ardi em dor por dentro. No rosto sequei as lágrimas, desviei o olhar por uns instantes, sorri e pensei: "a noite deslizará sob meu olhar, meus pensamentos cruzarão o céu enquanto eu me perco em busca das respostas certas, ou das perguntas certas". 
Prometi não me colocar mais em situações como aquelas, estas em que se ouve respostas daquilo que se teme perguntar, quando o outro faz uso do pretérito perfeito em todas as suas frases... 
"Eu te amei muito".
Mas,esquecendo-se de tudo aquilo e, do pretérito perfeito, fui feliz enquanto me foi permitido.
Eu sabia que estava ali por vontade e eu gosto de me perder em certos lugares, em pensamentos que voam longe, mas agora estou revendo a mim mesma como se pertencesse a coisa qualquer e não a mim. 
De repente pude assistir os planos que fazíamos à dois e os que ousei sonhar sozinha.
Uma casa na praia, uma biblioteca só minha, um filho, um cachorro.
Um filme num dia de chuva, uma bacia de pipocas, uma xícara de chocolate quente entre as mãos e, nós dois. Acomodada ao travesseiro senti qualquer coisa de saudade daquilo que não concluiu.
Peguei aquele vestido, não sabia bem se o teu cheiro estava nele ou em mim.
As estações do ano e as flores, o vento e as árvores lá fora, a cidade inteira, isso não te faz sentir uma vontade incontrolável de sorrir? 
A mim também. 
Lembro então, das muitas páginas do livro que eu não terminei de ler. Penso naqueles que planejei lermos juntos. Mas ainda há muitos que serão lidos por mim, te encontrarei em algumas personagens e pensarei em você, lembrarei então daquele dia no café, o beijo escondido, lembrarei do passeio na feira, daqueles pequenos momentos em que pudemos caminhar de mãos dadas, dos longos telefonemas, as longas conversa e de como nos entendiamos tão bem e, claro, de como eu me sentia estranhamente livre, totalmente feliz, como uma menina em seu primeiro amor.
Agora eu penso em tantas coisas- 
Penso...
Penso noite adentro olhando as paredes brancas do meu quarto.
Penso  em dias nublados que sempre me deixam saudosa.
E penso também em dias de sol e céu azul.
De qualquer forma todos os meus pensamentos remetem ao nosso primeiro momento, seu sorriso e seus olhos.
Dentro da noite- 
Sonhos. 
Mais nada...