abril 15, 2013

Estou no 28º andar...
Passei parte da vida em busca de me sentir livre, aqui posso sentir o vento tocar meu rosto.
É hora de saber se aprendi  a voar. Tanto tempo treinando alçar voo e ir pra algum lugar daqui. Tenho medo, muito medo.
Nunca senti tanto pavor.
Um passo, apenas um passo e serei livre das amarras do mundo que me prendem e me fazem me sentir tão infeliz. 
A psiquiatra tenta insistentemente me convencer que não é hora de partir, tomar decisões drásticas e eu sou tão "de momento".
Então, subi aqui e estou sentada há dias, vendo as horas passarem. Em modo off.
Li em algum lugar que era preciso uma caixa de lápis de cores para colorir o mundo, meu mundo anda meio apagado, é bem verdade. Será que eu ainda sei pintar?
Dou o passo que faltava e caio...
lentamente caio, e vejo os erros todos bem visíveis em minha frente. Naturalmente nós e os outros gritamos aos ventos os nossos defeitos, mas sussuramos nossas qualidades. 
Eu digo pra psiquiatra que sinto o gosto amargo do fracasso, a voz embarga e eu só consigo lembrar que eu tinha tantos planos.
Vou dançando e rodopiando no ar, finalmente livre.
Que será liberdade? Existe alguém realmente livre?
É assim que eu me sinto, sentada ali, frente a uma pessoa tão estranha e tão intíma... Rodopiando no ar e nesse exato momento eu não tenho medo de cair.
Contraditório que alguém que sempre teve medo de altura sinta-se agora no 28º andar, prestes  a se jogar... Voar sempre foi meu maior pavor. Sonhei anos a fio que estava voando.
Hoje acordo apavorada, com o coração batendo à mil. Rivotril talvez tenha se tornado meu melhor amigo. 
Tenho medo do novo, tenho medo de novo... 
Acabo dando um passo para trás. Me sento ali, sinto o vento... Talvez seja bom que eu ainda possa senti-lo. To assistindo a vida passar. 
Alguém liga meu modo on, please?!