dezembro 12, 2011

Tem cheiro de chá!


Estávamos almoçando quando ela me disse:
Mãe, eu tenho mania de cheirar tudo o que vou comer.
Olhei para o pai dela e vi a mesma cara de espanto que eu devo ter feito. Pra quem não sabe eu tenho essa mania desde pequena.
Ontem pedi para que fosse até a horta pegar hortelã pra colocar no suco. Abaixadinha lá ela me chamou na janela.
Mãe qual é hortelã?
Este aí filha, pega uma folhinha... Tem um cheiro bom?
Tem cheiro de chá. Respondeu...
Engraçado. Nunca a vi tomar chá, nunca gostou, desde quando era bebê. Como ela conhece o cheiro?
Temos mais dos nossos pais do que pensamos. Influenciamos mais os nossos filhos do que gostaríamos. É fato.

dezembro 10, 2011

Lençóis no varal


Quando era criança não havia prazer maior, correr entre os lençóis pendurados no quintal, sentir o cheiro bom que o vento trazia. Adulta, lençóis ainda trazem prazer, nada melhor que roupa de cama limpinha, cheirosa, macia...
Ontem eu fugi de casa, é fui embora pra sempre, como quando eu tinha 8 anos. Sai esbravejando: E você nunca mais vai me ver! Eu dizia isso olhando no espelho... Fugi pro quintal, sentei embaixo da árvore (eu não consigo mais subir como quando tinha 8 anos) e fiquei lá, esperando alguém sentir a minha falta. Deveria ter esperado até a hora do jantar, minha mãe sempre sentia minha falta quando colocava o jantar na mesa, certamente sentiriam a minha se o jantar não fosse posto...
Fato é que fiquei lá, por cinco eternos minutos. Observando os lençóis e recordando a criança que brincava por entre eles. Eu me tornei uma adulta chata, gritando na janela pra que saíssem com as mãos sujas de perto do varal.
Adultos não têm tempo pra sentar embaixo da árvore, voltei pra casa frustrada porque ninguém sentiu a minha falta. Mais tarde preparei o jantar e recolhi os lençóis enquanto chamava pelas crianças que brincavam há horas, talvez também tenham fugido pra sempre e eu não notei.
Melhor voltarmos pra casa.

dezembro 04, 2011

Sobre o canto dos sabiás e o sorriso que ele traz...





O dia mal amanheceu e um som me despertou lembranças... Eu, que não gosto de sítio e mato, acordei sorrindo, saltei da cama e abri a janela pra poder olhar pra fora.  Não vi de onde vinha, mas sem dúvidas me era um som familiar, um som com gostinho de lembrança boa. Seus olhos fechados e seu sorriso perfeito, sincero... Toda vez que eu escutar o canto de um sabiá serei eu quem irá sorrir, sabia?

"Ninguém nunca me viu tão transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente"...